Mês de Janeiro no CHUDE 2ª parte
RECOLHA DE MEMÓRIAS DE TORRES NOVAS COMO VILA OPERÁRIA
O Município de Torres Novas, através do Museu Municipal Carlos Reis, lança um apelo à colaboração da comunidade local para a preservação de memórias do património industrial de Torres Novas através da recolha de testemunhos, objetos, fotografias, documentação, e outros materiais que ilustram a vida dos operários das fábricas e oficinas torrejanas.
Caso tenha desempenhado a sua atividade em qualquer ramo da indústria no concelho e queira contribuir para a identificação e preservação da memória fabril do operariado de Torres Novas, contacte através do telefone 249 812 535 ou do e-mail Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar.. Em alternativa, dirija-se presencialmente à Central do Caldeirão ou ao Museu Municipal Carlos Reis.
CHUDE RECEBE APRESENTAÇÃO DO LIVRO "ELAS ESTIVERAM NAS PRISÕES DO FASCISMO"
No mês marcado pelo assassinato de Humberto Delgado, vítima de uma emboscada da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) no dia 13 fevereiro de 1965, a programação de fevereiro do CHUDE-Centro Humberto Delgado pretende ser, também, uma homenagem a todas as pessoas que foram presas, torturadas e mortas pela PIDE.
Além do programa regular do serviço educativo e das visitas acompanhadas, no dia 18 de fevereiro, às 15h, será apresentado no CHUDE o livro «Elas estiveram nas prisões do fascismo», uma edição da URAP-União dos Resistentes Antifascistas Portugueses.
José Pedro Soares, coordenador da URAP e ex-preso político, fará a apresentação do livro, que «procura dar uma contribuição para, como elementar justiça, resgatar de um relativo esquecimento o relevante papel das mulheres portuguesas no combate à ditadura fascista». Esta obra, além das histórias da prisão, inclui uma listagem de mulheres presas e dados estatísticos sobre as prisões e as cadeias. As ex-presas políticas Ana Abel, Bárbara Judas e Georgina Azevedo estarão presentes nesta sessão, trazendo à conversa o seu testemunho enquanto vítimas dos violentos métodos da PIDE, as suas histórias de luta e resistência.
Para participar nesta sessão é necessário fazer inscrição até ao dia 12 de fevereiro, enviando um mail para Este endereço de email está protegido contra piratas. Necessita ativar o JavaScript para o visualizar. ou através do telefone 249 812 535.
Oferta de fruta em Torres Novas
A Central do Caldeirão, através do Município Torrejano, está a oferecer as laranjas das laranjeiras do jardim da Central, um edifício emblemático, que foi recentemente recuperado e hoje integra um núcleo museológico que vale a pena visitar! A variedade das laranjas disponibilizadas é a mais tardia de final de janeiro e fevereiro, mas a campanha está a decorrer todo o mês de fevereiro. Quem quiser pode recolher, todos os dias se enchem os baldes enquanto a força da produção durar. Diz quem já provou, que as laranjas do Caldeirão sempre foram das mais doces de Torres Novas!
Mês de Janeiro no CHUDE
No mês de janeiro, no CHUDE-Centro Humberto Delgado, homenageamos os presos/as políticos torrejanos (naturalidade e/ou residência) nascidos neste mês:
António Rodrigues, nascido a 1 de janeiro de 1891, em Torres Novas. Foi detido em 1917.
Manuel Vicente Pedroso, nascido a 3 de janeiro de 1838, em Torres Novas. Sapateiro, foi preso em 1934, em Lisboa, onde residia, sendo enviado para o Forte de Peniche. Foi julgado e condenado nesse ano pelo Tribunal Militar Especial com pena de prisão correcional de dois anos e dois anos de multa a 5$00 por dia. Em 1936, requereu para ser amnistiado. Foi restituído à liberdade em 1939. Em 1944, voltaria a ser preso “por gritar vivas ao comunismo”, sendo encaminhado para Caxias. Foi libertado em 1945.
Diamantino Mário Monteiro das Neves, nascido a 3 de janeiro de 1936, em Valbom,
Gondomar. Residente em Torres Novas, com a profissão de agente, foi preso em 1961 e
encarcerado no Aljube e em Caxias, sendo libertado meses depois.
Manuel Santo Júnior, nascido a 4 de janeiro de 1926, em Torres Novas. Pedreiro, membro da organização local do Partido Comunista Português, foi preso em 1961 e encarcerado no Aljube, em Caxias e no Forte de Peniche, sendo libertado em 1967.
Eduardo da Costa Martins Franco, nascido a 9 de janeiro de 1926, Torres Novas. Operário na empresa Claras, foi membro da célula do Partido Comunista Português daquela empresa e da Comissão Regional do Movimento de Unidade Democrática Juvenil. Detido em 1952, esteve encarcerado no Aljube e em Caxias, sendo absolvido em 1953 e restituído à liberdade nesse ano.
Francisco Canais Rocha, nascido a 17 de janeiro de 1930, em Torres Novas. Iniciou-se
profissionalmente como marceneiro na empresa de Alberto Sepodes, tendo sido
posteriormente carpinteiro de moldes nas metalúrgicas Lourenços e Costa Nery. Foi preso
pela primeira vez em 1952, quando integrava a célula do Partido Comunista Português
da empresa Lourenços e fora membro da comissão regional do Movimento de Unidade
Democrática Juvenil. Na primeira vez em que foi preso esteve no Aljube e em Caxias,
sendo restituído à liberdade em 1953. Fora preso novamente em 1968, sendo encarcerado
em Caxias e Peniche, saindo em liberdade em 1973.
Membro da comissão concelhia da candidatura de Arlindo Vicente e depois da de
Humberto Delgado, Canais Rocha participara na fundação do Cineclube de Torres
Novas. Em 1961 integrou a delegação dos trabalhadores portugueses ao V Congresso da
Federação Sindical Mundial, realizado em Moscovo. Depois da segunda prisão, empregou-se
no Sindicato dos Jornalistas e no Sindicato dos Electricistas, e esteve envolvido na fundação da
Intersindical, da qual se tornou o primeiro coordenador-geral.
Regressado a Torres Novas, envolveu-se no movimento associativo local e dedicou-se à
investigação histórica sobre os movimentos sociais e políticos da sua terra, tendo publicado
diversos artigos e livros. Faleceu em 10 de agosto de 2014.
Júlio Tomás Antunes Frederico, nascido a 19 de janeiro de 1924, Torres Novas. Fiel de stand nos Claras, foi membro da célula do Partido Comunista Português dessa empresa. Preso em 1953 e encarcerado no Aljube e em Caxias, foi absolvido meses depois.
António Santo, nascido a 24 de janeiro de 1928, Torres Novas. Controlador de indústria na empresa Lourenços, foi membro da célula do Partido Comunista Português daquela empresa. Detido em 1952, foi enviado para o Aljube, sendo transferido momentaneamente para Caxias. Esteve internado várias vezes na enfermaria daquela cadeia devido às violências da polícia política. Foi punido por recusar alimentação e ter incitado outros presos a fazer greve de fome, sendo restituído à liberdade em 1955. Em 1959, António Santo é novamente detido, passando pelo Aljube e Caxias, e igualmente punido “por indisciplina”. Cumpriu pena na cadeia de Peniche, saindo em condicional em 1968.
Fernando Antunes Canais, nascido a 23 de janeiro de 1934, em Torres Novas. Serralheiro,
foi membro da organização local do Partido Comunista Português. Preso em 1961 e
encarcerado em Caxias e no Forte de Peniche, foi libertado em 1967. Depois do 25 de
Abril, integrou a Comissão Administrativa da Câmara Municipal de Leiria e foi autarca na
Assembleia Municipal dessa cidade. Fernando Antunes Canais morreu em 2011.
António Rodrigues Canelas, nascido a 29 de janeiro de 1931, Torres Novas. Torneiro na empresa Claras, foi membro da célula do Partido Comunista Português (PCP) daquela empresa e da estrutura regional do Movimento de Unidade Democrática Juvenil. Fundador do núcleo campista “Raiar da Aurora” e do Cineclube de Torres Novas, António Rodrigues Canelas foi detido em 1952 “por atividade contra a segurança do Estado” e enviado para o Aljube. Transferido para Caxias, regressou ao Aljube, em cuja enfermaria foi internado diversas vezes devido à violência da polícia política. Foi restituído à liberdade em 1953, mas na leva de prisões de 1961 voltou a ser detido, passando pelas prisões do Aljube e Caxias. Em 1962, foi transferido para o Forte de Peniche onde esteve até 1964, data em que lhe foi concedida a liberdade condicional.
Depois do 25 de Abril, assumiu funções de dirigente local do PCP e foi eleito deputado à
Assembleia Constituinte por aquele partido, tendo tido ainda um papel preponderante no
movimento associativo. António Canelas morreu no ano 2022, em Torres Novas.