Dedicado ao pintor naturalista Carlos Reis, nascido em Torres Novas em 1863, o actual núcleo é composto por 30 obras do autor.
As obras expostas são exemplificativas da dupla qualidade de paisagista e retratista de Carlos Reis, revendo-se nelas a predilecção do pintor para retratar aspectos do quotidiano da vida campestre.
Carlos Reis, Mestre Carlos Reis, como era conhecido, nasceu em Torres Novas a 21 de Fevereiro de 1863, oitavo e último filho de João Rodrigues dos Reis e de Maria de Jesus Nazaré Reis. Fez a instrução primária em Torres Novas e, ainda bastante jovem começou a revelar a sua arte em esboços e desenhos, desenvolvendo talentos que o levariam à sua inscrição em 1881, na Escola Superior de Belas Artes, em Lisboa.
Concluído o curso em 1889, obteve do Estado uma bolsa de estudo que lhe permitiu seguir para Paris para frequentar a Escola de Belas Artes e os ateliers dos mestres mais considerados. Em 1887, já em Portugal, toma posse da cadeira de Paisagem na Escola de Belas Artes de Lisboa, onde é jubilado e nomeado professor honorário em 1933.
Carlos Reis foi um pintor notável pela sua aptidão para transmitir luminosidades. Trabalhador incansável, pintou numerosos quadros, alguns de grandes dimensões, como os painéis decorativos da Sala de Baile do Hotel do Buçaco e um retrato de D. Carlos, que se encontra no paço de Vila Viçosa. Outra obra de relevo encontra-se na Sala do Senado do Palácio de S. Bento. Pintou também retratos da realeza e nobreza contemporânea, bem como cenas da vida quotidiana do povo português nos seus aspectos típicos, bodas e festas. São disso exemplo, Uma Saúde aos Noivos, a Talha Vidrada e o Primeiro Filho. A sua pintura, cheia de luz e cor, é sobretudo inspirada na natureza, como se pode admirar por exemplo, em Raios de Sol Ardente e Pôr-do-Sol.
Mas, se Carlos Reis foi um pintor popular, é também considerado o mágico do branco, para comunicar as transparências da luz, em expressões inigualáveis, como as de Primeira Comunhão, Asas e Comungantes.
Fundou o grupo Ar Livre, antecessor do Grupo Silva Porto, onde se reuniram muitos dos seus discípulos, entre eles o seu filho, o pintor João Reis de quem foi mestre. Exerceu o cargo de director do Museu Nacional de Belas Artes e depois do Museu Nacional de Arte Contemporânea (1911 - 1914) onde está amplamente representado. Em 1940, ano da sua morte, foi-lhe concedida a Grã-Cruz da Ordem de Santiago e, em 1942, é atribuído o seu nome ao Museu Municipal de Torres Novas.