«As eleições ocorreram a 8 de junho de 1958. Na manhã desse dia, o Governo fazia inserir nos jornais nota-oficiosa proibindo a fiscalização das urnas pela oposição!»1
Humberto Delgado era o candidato da oposição e defrontava-se com Américo Tomás, o candidato do regime, nessas presidenciais inéditas pela mobilização popular que a campanha eleitoral de H. Delgado provocou. A campanha ao “estilo americano”, «que eletrizava o país e apaixonava o Mundo»2, pautou-se pela proximidade nas ruas, por slogans e por uma mensagem: LIBERTAR O PAÍS DO MEDO E DA OPRESSÃO3.
«Neste confronto entre ordem e mudança, o facto inédito de Humberto Delgado não ter desistido da ida às urnas e de ter reunido o apoio de toda a oposição provocou um despertar de consciência em camadas da população até então adormecidas. Com as eleições de 1958 fica, pois, lançado o fomento para o sentimento de necessidade de uma mudança política no país, que não mais desaparecerá.»4
As eleições deram a vitória ao candidato do regime. Numa clara fraude eleitoral, Américo Tomás colheu 75,8% dos votos e Humberto Delgado 23,6%. Depois das eleições, o “General Sem Medo” manteve a sua atividade política na Oposição, no exílio, até 13 de fevereiro de 1965, dia em que é assassinado pela PIDE.
1 DELGADO, Humberto. Tufão sobre Portugal documentos para a história. Rio de Janeiro: Ed. Germinal, 1962, p. 56
2 Idem, ibidem, p. 42
3 REIS, Joana. Uma campanha americana. Humberto Delgado e as eleições presidenciais de 1958. Lisboa: Tinta da China, 2019, 227
4 Idem, ibidem, p. 253
FOTO: Manuel Pinheiro da Rocha, [Campanha da candidatura do general Humberto Delgado às eleições presidenciais de 1958, no Porto: Humberto Delgado saúda a multidão], PT/CPF/PR/000006. Imagem cedida pelo Centro Português de Fotografia.