Foi este sábado apresentado, na Igreja da Meia Via, o livro intitulado «Do divino, um compromisso e uma capela na Meia Via». A obra inclui o fac-simile do manuscrito do livro do Compromisso do Espírito Santo da Meia Via, datado de 1668. A análise técnica dos fólios, do ponto de vista da conservação é da responsabilidade de Joana Rosa, a transcrição paleográfica é um trabalho de José Lúcio Mendes, enquanto a coordenação científica, a investigação e o texto são de Paulo Renato Gregório, também autor das fotografias atuais. As fotografias antigas provêm do arquivo de José Lúcio Mendes.
Paulo Renato Gregório lembrou a sua infância enquanto meiaviense e o seu fascínio, desde tenra idade, pela história da aldeia. Destacou que «o compromisso organizava a vida das pessoas do ponto de vista social, cultural, económico. (...) Este livro fala das raízes da Meia Via enquanto comunidade, das suas origens enquanto sociedade. É um livro para os meiavienses, que espero que fortaleça o espírito coletivo deste lugar. E é também um grito para que não se perca uma referência que temos, que é a Festa do Divino Espírito Santo. Porque uma comunidade que não conhece as suas raízes, é uma comunidade sem futuro».
Por sua vez, José Lúcio, referiu as memórias que tinha da antiga capela de Meia Via e partilhou que, ao longo do tempo, procurou sempre mais conhecimentos sobre a sua terra, «ouvindo pessoas, consultando documentos, cedendo elementos para livros e trabalhos escolares, sempre com o objetivo de despertar nos outros a noção de que a Meia Via tem um passado, uma história que devia ser melhor conhecida pelos meiavienses. Com este livro trazemos à luz do presente novas e elucidativas provas dos que nos precederam e é com orgulho que revelo aos meus conterrâneos o que eles me confiaram».
Joana Rosa revelou a sua perspetiva enquanto arquivista e deixou um desafio: «Quando um livro antigo me chega às mãos, aquilo em que reparo é na forma como está cozido, como é a capa, qual o tipo de letra... Deixo esse convite para que olhem para o objeto em si, para além do seu conteúdo».
A terminar a sessão, Elvira Sequeira, vereadora da cultura, destacou o papel do Município na salvaguarda do património imaterial local e da memória coletiva: «Esta é uma memória que não se pode perder, também para a continuidade da festa. São mais de 350 anos deste culto, nesta terra, que fazem parte do desenvolvimento deste território.»