Carlos Reis foi homenageado em sessão solene na Sociedade Nacional de Belas-Artes em fevereiro de 1933, por ocasião da sua jubilação. A propósito dessa homenagem o seu amigo Fidelino de Figueiredo escreveu o seguinte, referindo-se à obra «Garrafão vazio»:
«Uma tarde, à hora jovial do passeio sob as arcadas do claustro, certo frade bem-humorado, talvez um bernardo de Alcobaça, pôs a concurso o tema seguinte: “Qual a passagem mais triste da Bíblia?”
Logo uns lançaram os seus alvitres e outros, eruditamente, se recolheram na biblioteca a consultar comentários e concordâncias… Mas a resposta unanimemente aprovada foi a do leigo, ingénuo e corado, que guardava a adega:
- A passagem mais triste da Bíblia é aquela das bodas de Caná, em que a Virgem, também convidada, adverte o Salvador com a exclamação compassiva. “Eles não têm vinho!” - Foi então que Jesus acudiu com um dos seus milagres populares, perpetuado por pincéis gloriosos como Veronese e Giotto.
Mas o sentido burlesco, malicioso do leigo, a tradução caricatural dessa tristeza do vinho que falta, maior ainda que nas bodas de Caná, porque se acabou irremediavelmente e sem esperança de milagre, esse só o expressou o pincel realista, irónico, piedoso de Carlos Reis nessa obra prima do Garrafão vazio.»*
Esta pintura sobre tela data de 1932 e pertence atualmente à Fundação Dionísio Pinheiro.
*In:: «Homenagem a Carlos Reis», edição Bertrand (Irmãos), Ltd.ª, Lisboa, 1933 [grafia atualizada].

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