56 anos do assassinato do torrejano General Humberto Delgado

A extraordinária mobilização popular proporcionada pela candidatura de Humberto Delgado à presidência da República em 1958 provoca um abalo no regime, um aviso que Salazar não deixa passar em claro.

O rescaldo das eleições proporciona alguns movimentos grevistas e de protesto assim como a organização de estruturas oposicionistas, como o Movimento Nacional Independente, do qual Humberto Delgado fora chefe.

Na sequência da organização da vinda a Portugal do deputado trabalhista e fundador do Serviço Nacional de Saúde Britânico Aneurin Bevan, em 1958, que resultou na prisão de António Sérgio, Jaime Cortesão, Mário de Azevedo Gomes e Vieira de Almeida, Delgado foi alvo de um processo disciplinar, o que o leva a refugiar-se e pedir asilo político na Embaixada do Brasil em 1959.
No exílio, Delgado estabelece contactos com os oposicionistas portugueses do exterior e com o governo republicano espanhol exilado, bem como participa e assume responsabilidades políticas nas acções da tomada do navio Santa Maria (1961) e no assalto ao quartel de Beja (1961-2), para o qual entra clandestinamente em Portugal.


Do Brasil, após uma passagem pela Checoslováquia, fixa-se na Argélia em 1963, onde toma contacto com a Frente Patriótica de Libertação Nacional e assume a chefia do seu órgão diretivo, a Junta Revolucionária Portuguesa. Mas as discordâncias sobre o modelo de actuação levam Humberto Delgado e mais um grupo a cindir da Frente Patriótica e criar em 1964 a Frente Portuguesa de Libertação Nacional, cujo objectivo principal seria a preparação de um golpe militar à semelhança do que ocorrera em Beja.

A PIDE, aproveitando todas estas dinâmicas, monta a "Operação Outono", da responsabilidade do trio de agentes Silva Pais, Barbieri Cardoso e Pereira da Silva. O plano consistia em atrair Delgado para um suposto encontro oposicionista relacionado com o golpe. Para isso, Barbieri Cardoso e Pereira da Silva viajam até Itália e encontram o agente para essa missão, Mário de Carvalho, que começa a trabalhar para aquela polícia política por dez mil escudos mensais.

Assim, em Dezembro de 1964, Mário de Carvalho e Ernesto Castro e Sousa, dois impostores ao serviço da PIDE, conseguem reunir com Delgado. Convencem-no a comparecer num encontro na fronteira, em Badajoz, onde supostamente estariam presentes militares do interior implicados na preparação do golpe.

Em 13 de Fevereiro de 1965, no encontro com os supostos oficiais do Exército oposicionistas, Humberto Delgado e a sua secretária, a brasileira Arajarir de Campos, são assassinados pela brigada da PIDE constituída por Rosa Casaco, Ernesto Lopes Ramos, Agostinho Tienza e Casimiro Monteiro. Os corpos são encontrados apenas em Abril, na zona de Villanueva del Fresno, onde terão sido regados com ácido sulfúrico e cal pelos assassinos. Salazar e o Ministro da Justiça de então, Alfredo dos Santos Júnior, sabiam de tudo e haviam aprovado o plano de aniquilamento de Delgado.

Em 1958, no discurso de campanha em Chaves, Delgado afirma peremptoriamente que estaria disposto "a morrer pela Liberdade".

Vídeo: excerto do discurso de Humberto de Delgado em Chaves, o único gravado conhecido até hoje, retirado do documentário "Obviamente Demito-o", de Lauro António, 2007.

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