«Meu querido mês de agosto»
Ainda há relativamente pouco tempo, na edição do Almonda de 26 de julho de 2019, um artigo intitulado «No verão as festas são nas aldeias» anunciava um calendário de festividades para a única época do ano em que as nossas aldeias, cada vez mais desertas e envelhecidas, se preparam para receber os seus “filhos”. Vindas de outros pontos do país, ou mesmo de fora do território nacional, muitas famílias regressam à terra para gozar as férias de verão. Então, as ruas enchem-se de renovada alegria. Ouvem-se as vozes bem-dispostas de quem esperou o ano inteiro por estes dias estivais para reencontrar amigos ou pessoas de família. Finalmente, há miúdos na rua e, mesmo que se vá uns dias à praia, não se dispensa uma temporada cá na terra, de preferência na altura da festa de verão.
Liteiros, Pafarrão, Alcorochel, Assentis, Marruas e Lamarosa eram as terras que nessa edição do jornal constavam da agenda, mas havia muitas mais… Se agosto é mesmo o mês mais animado, há localidades em que as festas se fazem (ou faziam) nos restantes meses do verão, pois até ao início das aulas e enquanto as noites são longas, há que aproveitar.
Em algumas localidades, a filarmónica local ou o rancho folclórico assumiam a organização da festa, podendo fazer-se, entre outros espetáculos com artistas populares, um festival de folclore, uma arruada com peditório, um concerto. Em Árgea, por exemplo, chegou a realizar-se a Festa da Sociedade. Era a banda filarmónica (hoje inativa) que a organizava, como em Liteiros o rancho assumiu algumas vezes essa responsabilidade. O mais comum é, porém, existir uma comissão de festas que se encarrega da logística e da escolha do programa. Há dezenas de anos atrás, nas localidades, a devoção por um santo marcava o calendário e então as festas assumiam duas componentes, religiosa e profana. Joaquim Rodrigues Bicho fala-nos sobre as festas que se realizavam no verão (embora algumas tivessem calendários variáveis) e que tinham essa componente religiosa. No dia 15 de agosto (seria hoje!) fazia-se, em Alcorriol, a Festa de Nossa Senhora da Assunção. Outras festas têm sobrevivido aos tempos, como a de Nossa Senhora Mãe dos Homens, em Pedrógão (início de setembro) ou em Riachos a Festa da Bênção do Gado (que se realiza de quatro em quatro anos), mas quase todas as outras aparecem na imprensa local apenas anunciadas como festas de verão. É assim em Pé de Cão, Pena e Casal da Pena, Casais da Igreja, Rexaldia, Marruas, Assentis, Lamarosa, Chancelaria ou Vargos.
Os foguetes, o baile, os comes e bebes, as rifas faziam sempre parte do cardápio, cada vez mais parecido de terra para terra, porque o mais importante é mesmo festejar todos os reencontros que as férias, o bom tempo e o regresso à terra proporcionam.
Referências:
http://www.jornaltorrejano.pt/cultura/noticia/?n-290a2d29
http://www.jornaltorrejano.pt/sociedade/noticia/?n-f1b56ef9