Guerras e soldados
Ontem, dia 9 de julho, assinalou-se o Dia Mundial pelo Desarmamento. Se a Paz é um dos maiores bens da humanidade, é também uma espécie de quimera para todos aqueles que se veem envolvidos em guerras, ou seja, uma parte significativa da população mundial.
Olhando para o passado e para temas locais, recordamos que, na nossa história recente, dois conflitos de considerável dimensão deixaram marcas indeléveis na memória das gentes: a Primeira Guerra Mundial e a Guerra Colonial. Em ambas, centenas de jovens foram recrutados para combater longe da sua terra. Não sabemos ao certo o número de combatentes torrejanos na Grande Guerra (1914-1918), mas foram seguramente mais de 350 (sendo este o número aproximado dos registos conhecidos), dos quais mais de 20 perderam a vida no conflito. Nesta altura, a taxa de analfabetismo no concelho rondava os 75%, pelo que a propaganda de guerra dificilmente lhes chegaria através dos jornais, onde poderiam, se soubessem ler, ter acesso a frases como: «Odeia o inimigo», «Defende a tua pátria», «Despreza os boateiros», «Vigia os espiões»; ou ler artigos contra os «germanófilos» e incentivando o ódio contra os alemães. Era a igreja, através da homilia, o grande “noticiário” dos acontecimentos “relevantes” para todas estas pessoas que não sabiam ler nem escrever.

Torres Novas, memórias da vila. Um miradouro interativo

Hoje, dia 8 de julho, pelas 16h30, inaugura no Museu Municipal Carlos Reis a exposição «Torres Novas, memórias da vila. Um miradouro interativo».
Inicialmente designado «Ponto Acessível», este projeto mereceu em 2019 o apoio do ProMuseus – Programa de Apoio a Museus da Rede Portuguesa de Museus. Nasce num contexto de debate interno em que se constata como prioritária a questão das acessibilidades na abordagem à coleção, às exposições, à comunicação e ao acolhimento de públicos. Em 2021 foi implementada uma estratégia participativa para auscultar a comunidade local sobre os resultados deste projeto. As sugestões dos participantes (incluindo grupos diversificados, alguns com limitações físicas e/ou intelectuais) foram consideradas no trabalho de revisão dos conteúdos. O que agora se apresenta resulta, em parte, desse trabalho participativo.
Partindo de uma maqueta, da autoria de José Alberto Borralho, construída a partir de textos históricos sobre a vila no século XVIII, somos conduzidos a percorrer as ruas, pela antiga malha urbana, e a conhecer algumas das suas mais relevantes instituições.

 
O Anteplano de Urbanização da Vila de Torres Novas constitui o primeiro momento de planeamento urbano e regulamentar elaborado neste concelho. A sua planta de zonamento apresenta-nos a organização do espaço urbano preconizada, na segunda metade dos anos 40 do século XX, para a então vila de Torres Novas.
Em 5 de setembro de 1944, o Decreto-lei n.º 33 921 vem obrigar as câmaras municipais a promover o levantamento de plantas topográficas e a elaborar planos gerais de urbanização e expansão. Estavam assim obrigadas as câmaras a promover objetos de planeamento urbano para localidades com mais de 2500 habitantes, que apresentassem um aumento populacional apreciável, entre dois recenseamentos oficiais consecutivos.

 
Sapateiros torrejanos – o sonho de um sindicato
Na sequência do sucesso dos comícios do 1.º de Maio em Torres Novas, ocorridos em 1924, a classe dos manufatores de calçado torrejana envolveu-se em manejos para se organizar num sindicato. Assim, em 16 de maio desse ano, os delegados da Federação do Calçado, Couros e Peles, na órbita da Confederação Geral do Trabalho (CGT), deslocaram-se até Torres Novas para ajudar os seus camaradas a organizarem a sua associação, sendo nomeada uma comissão administrativa para essa tarefa. Nessa reunião, segundo o diário “A Batalha”, muito concorrida, foi ainda votada a adesão do futuro sindicado à Federação e à CGT.
FOTO: Par de botas, fabricado artesanalmente, sem costuras, suspensas em armação de madeira e metal, trabalho de José Campos. Década de 1930. MMTN Inv. N.º 343.

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