As formas de relevo são um património coletivo, contribuindo de forma indelével para a construção do sentimento de pertença do indivíduo a um determinado espaço. O ARRIFE da serra de Aire é uma escarpa de falha (geológica) que não passa despercebida a quem vive ou passa por Torres Novas, e que indica o início a sudeste do Maciço Calcário Estremenho.
Na Memória Paroquial do Alqueidão da Serra, redigida pelo prior Antonio Antunez de Mello, em 5 de abril de 1758, identificava-se bem a geomorfologia associada à serra de Aire, e concretizava-se a designação de arrife: “… a povoação do Vale da Serra fica sobindo-se já hum arrife da mesma serra (Serra de Ayres): que hé como hῦa muralha continuada, e serve de degrao para a serra e sobido o arrife faz hῦa grande planície, em que sobresahem muitas pedras e algῦas grandissimas.”
(vista do arrife desde as cercanias das Lapas, desenhada por Alfredo Fernandes Martins)
Martins, Alfredo Fernandes (1949) - «Maciço Calcário Estremenho, Contribuição para um estudo de geografia física.» (Imagem: op. cit, p 71)
Silva, Vasco Jorge Rosa da (2020) - «Serra de Aire em 1758», Nova Augusta, n.º 20, Torres Novas, Câmara Municipal de Torres Novas.

 
Trabalhos de Maria Amélia da Costa Nery no Museu Municipal Carlos Reis (I)
No acervo do Museu Municipal Carlos Reis existem algumas peças da autoria de Maria Amélia da Costa Nery. Franklin Pereira, investigador das artes do couro lavrado, escreveu sobre esses trabalhos em artigo publicado na Nova Augusta em 2013.
Nascida em Torres Novas em 1870, Maria Amélia da Costa Nery faleceu em Lisboa em 1960. Filha de José da Costa Nery, fundador da Metalúrgica Costa Nery (1855) era tia da escritora Maria Elisa Nery de Oliveira. Foi discípula de Carlos Reis e sócia fundadora da Sociedade Nacional de Belas Artes. A peça que hoje mostramos é uma cadeira em couro lavrado cujo trabalho de cinzelagem é da sua autoria e que foi incorporada no acervo do Museu Municipal Carlos Reis em 1962.

 
A boga-comum (Pseudochondrostoma polylepis) é uma espécie nativa de tamanho médio. Vive no rio Almonda, em zonas com corrente e com elevada cobertura ripícola.
A sua presença no Almonda surge registada na Memória Paroquial de Zibreira redigida por Manuel Antunes, cura da paróquia, em 21 de março de 1758, que dizia: “O peixe de que he mais abundante (o rio de Almonda), sam bogas, ruivacos, bordalos, e tambem tras quatro barbos, que deste sitio sam excelentes pella limpeza das agoas.”

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