Musealização da Central Hidroelétrica do Caldeirão – Torres Novas // Recolha de memórias e testemunhos dos trabalhadores.
Procurando obter os testemunhos dos trabalhadores, e conhecer melhor as dinâmicas laborais da central, hoje foi a vez de o Sr. José António Santos Piranga Faria, a quem agradecemos a disponibilidade para colaborar neste processo.
«Fui admitido na Central em 1/4/1983 quando ainda se estava a eletrificar o concelho. Entrei para leitor-cobrador, durante cerca de dez anos fiz o giro de Fungalvaz que incluía toda a zona do termo do concelho, e também cheguei a fazer Casais Martanes e Pedrógão; depois foi o colega Paulo Alves que ficou com essa volta porque fui transferido para o sector da contabilidade como caixa. Era um trabalho difícil, mas tinha que ser feito, e todos nós sabíamos disso. É muito importante que se recupere este espaço e se faça um museu. Inicialmente falava-se apenas como espaço de restauração, o que seria uma pena não se preservar as máquinas, a ligação ao trabalho da central e a importância da produção industrial de energia elétrica. Ainda bem que isso foi feito e foi decidido conservar. Falou-se que a certa altura tinham desaparecido componentes em cobre e algumas peças, por isso ainda bem que ainda se foi a tempo de preservar. Se houver um museu, uma “história viva” que demonstre como funcionava a central, isso, penso, que só vem valorizar Torres Novas e contribuir para que estas memórias passem para as novas gerações que já não conheceram a central a funcionar. Eu tive vários elementos da minha família ligados à central e por isso é algo que me diz bastante a nível do meu percurso pessoal, mas também familiar, o meu pai [Manuel Piranga Faria] era uma pessoa estimada por todos e foi, de certa forma, um símbolo da casa, onde exerceu funções de chefia ao longo de décadas.(…)»
José António Piranga Faria
Trabalhador da Central
Lapas, 60 anos