Musealização da Central Hidroelétrica do Caldeirão – Torres Novas // Recolha de memórias e testemunhos dos trabalhadores
Procurando obter os testemunhos dos trabalhadores, e assim conhecermos melhor as dinâmicas laborais da central, hoje fomos ao encontro do Sr. José da Cruz dos Anjos, a quem agradecemos, a disponibilidade para colaborar neste processo.
"Sou natural de Carregueira, Chamusca, vim para Torres Novas após cumprir o serviço militar. Fui admitido na Central do Almonda, com 26 anos, em 1967. Já entrei como eletricista mas faziamos tudo o que era preciso, muito diferente depois com as especializações, uns montam contadores, outros fazem ramais etc. Nós na altura faziamos tudo, metíamos as peleias para as baixadas, montávamos o contador, faziamos a instalação, abriamos os buracos, colocávamos os postes. Eu quando entrei já trazia alguma experiência. Fui integrado na assistência a postes de transformação e redes.
Também cheguei a ir para a Renova por ordem do patrão José Maria Viegas Tavares. Naquele tempo não era fácil, cheguei a estar de piquete sozinho, ou só com outro colega. Eu quando cheguei à Central do Almonda estava-se a eletrificar a aldeia mais distrante da sede de concelho, Fungalvaz. Eu ia e vinha de bicicleta. Se houvesse uma avaria maior era um problema… muitas vezes estava o encarregado e tinha que se mandar alguém para a reparar, por vezes em dias de vento e chuva e com pouco material, era difícil. Por exemplo, entre a Meia Via e Torres Novas ia daqui uma linha para o Casal da Juge, e daí, é que partia uma linha em baixa tensão para a Meia Via. Naquele tempo havia poucas pessoas com luz, e a Senhora cedia-nos a escada. Se houvesse uma avaria de média tensão éramos todos chamados a reparar, mais tarde é que a rede se foi ampliando e foram-se criando equipas. Ao ínicio faltava muitas vezes a luz porque os isoladores eram pequenos e a iluminação ia-se abaixo, depois tinhamos de ir ver, faziamos quilometros à procura da avaria e podiamos estar toda a noite, até a reparar. Com o tempo, foi melhorando a organização de serviço, passámos a incluir outros concelhos como Entroncamento e Alcanena; na altura o chefe de equipa era o Artur Ferreira que conhecia e sabia quem poderia estar interessado e indicava quem ia para o terreno numa dada situação. Chegámos a ser mais de 20 eletricistas e era uma empresa boa com trabalho para toda a gente. Eu pessoalmente tive sempre no patrão, um amigo. O ambiente era bom no geral. Havia sempre convívios lá em baixo, na oficina, e fazíamos sempre o 1º de Maio. Depois fomos integrados na EDP, e passámos a ter direito a todas as condições, subsídios de trabalho noturno, equipamentos, folgas, etc. As redes foram sendo automatizadas e a transmissão foi sendo feita por anel e tudo se modernizou, com mais segurança.”
José da Cruz dos Anjos, 81 anos
Eletricista da Central

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